domingo, 31 de janeiro de 2010
Maguem Davi
17:16
קְלַאוּדִינֵי
Há, na Cabalá, inúmeras explicações místicas sobre a Estrela de David, mas todas giram em torno do ensinamento fundamental do judaísmo – a Unicidade , a Onipresença e Onipotência Divina – e de nossa esperança que D’us seja nosso Escudo protetor .
A Torá nos ensina que D’us , o Criador de tudo que há no universo, é a Fonte de todas as Fontes. Em Bereshit, D’us criou o universo nas “seis direções do espaço” : norte, sul, leste, oeste, de cima e de baixo. São chamadas as “seis extremidades “. Além de criar o universo é D’us que o governa e só Ele pode proteger-nos. As seis pontas da Estrela de David representam a esperança de que D’us nos protege por todo os lados.
Se analisarmos as várias dúvidas sobre a Estrela de David enfrentadas por historiadores estas se tornam claras à luz da sabedoria da Cabalá .
Por que até a Idade Média não há textos que ligam de forma explícita o símbolo ao nome?
Devemos relembrar que ensinamentos místicos eram transmitidos oralmente do mestre para o discípulo – de geração em geração – até uma época relativamente recente. Os discípulos eram cuidadosamente escolhidos e o conhecimento sempre restrito a pequenos grupos. Este cuidado tinha o sentido de proteção e não de proibição. Nossos sábios temiam que os ensinamentos místicos fossem mal interpretados ou usados de forma inadequada, o que muitas vezes se confirmou.
Mesmo quando escritos, os textos cabalísticos eram “codificados”, tornando-se acessíveis só aos ini-ciados. Somente a partir da Idade Média há uma maior divulgação dos ensinamentos místicos entre os grandes rabinos e sábios e, coincidência ou não, é nesta época que aparecem os primeiros hexagramas em manuscritos bíblicos e em mezuzot. E surgem também as primeiras explicações sobre o Maguen David.
Por que a Estrela de David pode ser encontrada em lugares como a Índia?
Segundo nossa tradições, os ensinamentos místicos podem ser traçados desde Abraão, a quem se atribui a autoria do primeiro livro místico, Sefer Yetsirá. Nele estavam contidos os ensinamentos que Abraão aprendera na academia dos filhos de Noé, Shem e Eiver. Ao afastar de Isaac seus outros filhos, Abraão lhes dá uma bagagem espiritual, uma parte da herança espiritual que iria dar a Isaac. Alguns dos filhos de Abrãao se estabeleceram na Índia. Por isso, não é tão estranho encontrar paralelos entre o misticismo judaico e as crenças que se desenvolveram nessa região.
Por que seis pontas? O que representa este número para a Cabalá?
No século XVII, Rabi Moshe Valli, médico e cabalista italiano, filho espiritual do grande sábio e cabalista Rabi Moshe Luzzato, escreveu em um de seus manuscritos que “o Maguen David é formado por seis pontas que correspondem às seis extremidades ou às seis direções do Microcosmo.” Esta figura de seis pontas representa, portanto, a Onipresença de D’us.
O conceito das seis extremidades ou as seis direções do espaço – os Céus e a Terra e as quatro direções (norte, sul, leste, oeste) – e ainda um sétimo ponto central é básico nos ensinamentos cabalísticos. Obras como o Sefer Ietsirá, o Zohar e o Sefer Bahir abordam o assunto. Segundo esta última obra, o mundo foi selado nessas seis extremidades.
Segundo o Maharal de Praga, no século XVI, o número seis representa a materialidade, enquanto o sétimo ponto a espiritualidade. Isto pode ser entendido se olharmos para um cubo que tem seis lados físicos. Mas bem no centro do cubo existe um ponto central que não tem volume nem direção, já que é um ponto. Também não pode ser alcançado pelo lado de fora, já que a superfície de um cubo é sólida. Este sétimo ponto representa a espiritualidade. Assim como o sétimo dia da Criação, o Shabat santificado, representa a espiritualidade no meio de seis dias físicos.
As seis pontas da Estrela de David correspondem também às seis sefirot da emoção, chamadas de Midot. Estas são divididas em dois conjuntos de três sefirot cada . Chessed-Guevurá-Tiferet e Netzach-Hod-Yesod. Cada conjunto forma um triângulo em direções opostas.
Malkut é a última sefirá. Assim como um ângulo define o encontro de duas linhas, Malkut é o ponto de encontro de todas as sefirot, sua coesão e expressão final. Malkut representa o potencial de realização que D’us deu a cada ser humano.
Por que dois triângulos? E por que entrelaçados?
Na Cabalá, os dois triângulos representam as dicotomias inerentes ao homem: o bem e o mal, o espiritual e o físico. Podem representar também a relação recíproca que existe entre o povo de Israel e D’us e a Lei que Ele nos deu no Monte Sinai.
Este entrelaçamento lembra também que um judeu é parte orgânica de um todo, e só quando o todo esta centrado e unido recebe a bênção e proteção Divina tornando-se forte.
Os dois triângulos sobrepostos criam 12 linhas que representam as 12 tribos de Israel, cada uma com suas características e emoção. Foi o rei David que conseguiu a tarefa praticamente impossível de unir todas 12 das tribos de Israel.
Por que o rei David?
Segundo o rabino A. Kaplan, a sefirá de Malkut é representada pela vida do rei David.
Malkut representa a força que une todas as outras e as mantém unidas, assim como o rei David uniu todo Israel em torno de si. Valendo-se da pouca autoridade que as tribos de Israel lhe concederam, conseguiu construir um reino. Foi este rei quem sempre reconheceu que suas vitórias eram fruto da bênção e da vontade Divina.
O rei David ensinava que o homem só atinge verdadeiramente seu potencial quando passa a compreender que D’us é a Fonte de todo poder e de toda proteção. Ele sempre louva D’us como a Fonte de todas as Fontes da Força e do Poder de todo o universo. Pouco antes de sua morte, o rei David abençoou o Senhor perante todo Israel, dizendo:
“Tua é, ó Senhor, a grandeza, e o poder, e a glória, e a vitória, e a majestade, porque Teu é tudo quanto há no céu e na terra; Teu é, ó Senhor, o reino, e Tu te exaltaste como Chefe sobre todos. Tanto riquezas como honra vêm de Ti, Tu dominas sobre tudo, e na Tua Mão há força e poder; na Tua Mão está o engrandecer e o dar força a tudo. Agora, pois, ó nosso D’us, graças Te damos, e louvamos o Teu Glorioso Nome.” (1 Crônicas 29:11-12).