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sábado, 18 de outubro de 2008

O Hebraico Antigo
De acordo com os religiosos judeus o Hebraico é a língua original do ser humano, a única que teria se mantida não-corrompida após a dispersão de línguas ocorridas durante os eventos relacionados à Torre de Babel, e que teria sido transmitida pelo patriarca Avraham aos seus descendentes.
De acordo com os estudiosos laicos, o Hebraico pertence às línguas afro-asiáticas que teriam surgido no Nordeste da África, e começou a divergir nos meados do oitavo milênio antes de Cristo; de qualquer forma, existe grande debate em relação à data.Os falantes do proto-afro-asiático expandiram-se para norte e acabaram por chegar ao médio oriente.

Inscrição no aqueduto de Siloam em caracteres hebraicos antigos.
No fim do terceiro milénio a.C. as línguas ancestrais como o aramaico, o ugarítico e várias outras línguas cananitas eram faladas no Levante ao lado dos influentes dialectos de Ebla e Acádia. À medida que os fundadores do hebraico migravam para o sul, onde receberiam influências do levante, tal como outros povos que empreenderam o mesmo caminho, como os filisteus, adoptaram os dialectos cananeus. A primeira evidência escrita do hebraico, o calendário de Gezer, data do século X a.C., os tempos dos reinados dos reis Davi e Salomão. Apresenta uma lista das estações e de actividades agrícolas com elas relacionadas. O calendário de Gezer (que recebeu o nome da cidade em cujas proximidades foi encontrado) está escrito em um alfabeto semítico antigo, aparentado ao fenício, o qual, passando pelos gregos e pelos etruscos, deu origem ao alfabeto latino usado hoje em quase todas as línguas europeias. O calendário de Gezer é escrito sem nenhuma vogal, e não usa consoantes substitutas de vogais mesmo nos lugares onde uma soletração mais moderna o requer (ver abaixo).
Numerosas tabuletas mais antigas foram encontradas na região com alfabetos similares em outras línguas semíticas, por exemplo o proto-sinaítico. Acredita-se que as formas originais das letras do alfabeto são mais antigas que os hieróglifos da escrita egípcia, embora os valores fonéticos sejam inspirados no princípio acrofónico. O antepassado comum do hebraico e do fenício é chamado cananeu, e foi o primeiro a usar um alfabeto semítico distinto do egípcio. Um dos documentos cananeus antigos é a famosa Pedra Moabita; a inscrição de Siloam, encontrada próximo de Jerusalém, é um exemplo antigo do hebraico. Outros escritos hebraicos menos antigos incluem o óstraca encontrado perto de Laquis (Lachish) e que descreve os eventos que precedem a captura final de Jerusalém por Nabucodonosor II e o cativeiro na Babilónia de 586 a.C..
Os escritos mais famosos originalmente em hebraico são o que chamamos de Tanakh, acrônimo que designa o conjunto de escritos sagrados do Judaísmo.
A língua formal do império babilónico era o aramaico (cujo nome deriva de "Aram Naharayim", Mesopotâmia, ou de "Aram", "terras altas" em cananeu e o antigo nome da Síria). O Império Persa, que conquistou o império babilónico poucas décadas depois do início do exílio judeu, adoptou o aramaico como língua oficial. O aramaico é também uma língua semítica norte-ocidental, bastante semelhante ao hebraico. O aramaico emprestou muitas palavras e expressões ao hebraico, principalmente devido a ser a língua utilizada no Talmude e noutros escritos religiosos.
Além de numerosas palavras e expressões, o hebraico também recebeu do aramaico o seu alfabeto. Apesar de as letras aramaicas originais terem origem no alfabeto fenício que era usado no antigo Israel, divergiram significativamente, tanto às mãos dos judeus como dos mesopotâmios, assumindo a forma que hoje nos é familiar cerca do século I a.C.. Escritos desse tempo (especialmente notáveis são os manuscritos do Mar Morto encontrados em Qumran) foram redigidos com um alfabeto muito semelhante ao "quadrático" ainda hoje usado.

Decalógo do segundo século em hebraico
Os judeus que viviam mais ao norte ou no Império Persa aos pouco foram adotando o segmento aramaico, e o hebraico rapidamente caiu em desuso. Contudo, como essa literatura é parte integrante das escrituras, os caracteres ainda hoje permanecem preservados em outros idiomas. Pelos seguintes 700 anos, o aramaico tornou-se a língua vernácula da Judeia restaurada. Obras famosas escritas em aramaico incluem o Targum, o Talmude e diversos livros de Flávio Josefo, embora muitos desses últimos não foram preservados em sua forma original. No seguimento da destruição de Jerusalem e do Segundo Templo, no ano 70 e.c., os judeus começaram gradualmente a dispersar-se da Judeia para o resto do mundo conhecido à época. Por muitos séculos o aramaico permaneceu como a língua falada pelos judeus da Mesopotâmia, e o Lishana Deni, conhecido também como "judaico-aramaico", é um moderno descendente que ainda é falado por uns poucos milhares de judeus (e muitos não-judeus) na região conhecida como Curdistão; contudo, essa língua gradualmente cedeu lugar ao árabe, como deu lugar a outros falares locais em países para os quais os judeus emigraram.
O hebraico não foi usado como uma língua falada por aproximadamente 2300 anos, ou seja, foi considerada uma língua morta, assim como o latim. Contudo, os judeus sempre dedicaram muito esforço para manter altos níveis de alfabetização entre eles, com o principal propósito de permitir a todo judeu consultar como se estivesse manipulando os originais da Bíblia hebraica e as obras religiosas que a acompanham. É interessante notar que as línguas que os judeus adotaram em seus países de residência, nomeadamente o ladino e o iídiche não estavam diretamente relacionadas com o hebraico (a primeira baseada no espanhol peninsular com empréstimos árabes, e a última um antigo dialeto do alemão medieval), contudo, ambas foram escritas da direita para a esquerda, utilizando o alfabeto hebraico. O hebraico foi também usado como uma língua de comunicação entre os judeus de diferentes países, particularmente com o propósito de facilitar o comércio internacional.
A mais importante contribuição para a preservação da leitura (sem pronúncia) do hebraico tradicional nesse período foi aquela dos eruditos chamados "massoretas", ocorrida a cerca do sétimo ao décimo século e.c. que criaram algumas marcações suplementares para indicar a posição onde deveriam existir vogais, assim como a acentuação tônica e os métodos de recitação. desse modo, os textos originais hebraicos que usavam apenas as consoantes passaram a contar com as vogais, entretanto, algumas consoantes foram usadas para indicar vogais longas. Na época dos massoretas esse texto era considerado muito sagrado para ser alterado, assim todas as marcações foram adicionadas na forma de nekudot - diacríticos (pontinhos e pequenos traços) dentro e ao redor das letras de modo a não alterar o texto consonantal.

 
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