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  A IMPORTÂNCIA DA TORÁ ORAL (para quem acha que só a Torá escrita vale): "Um não-judeu se dirigiu ao Sábio Shammaï e lhe perguntou:...

sábado, 23 de outubro de 2010

Rachel


A vida de nossa matriarca Rachel foi curta, mas intensa como uma chama que arde e queima intensamente antes de ser consumida. Foi marcada pelo grande amor que a unia a Jacob, nosso terceiro patriarca, e por muito sofrimento até conseguir conceber.



Ela, que iria deixar este mundo ao dar à luz a seu segundo filho, Benjamin, e que, pela Vontade Divina estava destinada a habitar um túmulo isolado para poder testemunhar o sofrimento de seus filhos - o Povo Judeu, foi quem nos legou a capacidade de envolvimento e de auto-transcendência.

Apesar de, além dela, Jacob ter tido mais três esposas - Léa, Bil'há e Zilpá, foi Rachel aquela a quem mais amou. O sentimento que os unia, afirmam os Livros Sagrados, foi um dos mais intensos que já houve, tão profundo e perfeito que é usado para simbolizar o amor entre D'us e o Povo de Israel. Segundo os textos místicos, era uma união perfeita, e o vínculo que os unia era o mais forte que pode existir entre dois seres humanos.

Na Cabalá, Rachel é retratada como a personificação da Shechiná, aspecto imanente de D'us neste mundo, que "desce" para tomar conta de Seus filhos, seguindo-os até no exílio para Se assegurar de que um dia eles retornariam. Na Haftará do segundo dia de Rosh Hashaná, lemos as palavras do Profeta Jeremias sobre a promessa de D'us de que um dia o exílio dos Filhos de Israel terminará e eles voltarão para sua Terra: "Assim diz o Eterno: Ouviu-se um clamor em Ramá, lamento e choro amargo; Rachel está chorando por seus filhos, e recusa ser confortada por eles porque eles se foram. Assim diz o Eterno: Faz tua voz cessar de chorar e teus olhos de verterem lágrimas, porque há recompensa para tua obra; teus filhos voltarão da terra do inimigo". (Jeremias, 31:14)

Rachel e Jacob

Rachel, cujo nome está relacionado com a palavra hebraica "rachil", ovelha ou cordeiro, entra em cena no capítulo 29 do Livro Gênese. Após o encontro com o Eterno, Jacob parte para a terra de Haran, onde nascera sua mãe, Rebeca, para, como prometera a seus pais, desposar uma das filhas de Labão, seu tio materno.

Jacob amou Rachel assim que a viu, à beira de um poço, dando de beber às ovelhas do rebanho do pai. Nosso terceiro patriarca - símbolo de Tiferet, a sefirá da beleza, harmonia e compaixão - nela reconheceu a mulher destinada a ser sua parceira na Terra, aquela que o ajudaria na missão de forjar a harmonia entre forças espirituais opostas.

Era uma jovem de beleza radiante, incomparável, "formosa de porte e formosa de semblante" (Gênese, 29:17). Apesar de a Torá não considerar a beleza por si só como uma virtude, encontramos louvores à beleza feminina em várias de suas passagens, em especial ao se referir às esposas dos patriarcas, pois a beleza física é vista como um reflexo de uma alma linda. Com seus dons de profecia, nosso patriarca deve ter percebido, de imediato, a beleza da alma de Rachel, sua imensa compaixão, a virtude que permite ao homem ir além de sua própria subjetividade egoísta para perceber a realidade e o sofrimento do outro.

Jacob dela se aproxima, beijando-lhe as mãos, e, subitamente tomado por inúmeras emoções, chora. Estava agradecido a D'us que a colocara diante de seus olhos, mas naquele instante pressentiu que ela morreria prematuramente e não seria enterrada junto a si.

Apresenta-se a Rachel como filho de Rebeca, irmã de Labão, seu pai. Revela que viera para se casar com uma das filhas do tio e lhe pergunta se aceitaria ser sua esposa. Sem titubear, Rachel aceita; corre, a seguir, à casa do pai para levar a notícia da chegada do primo. Esperançoso de que o herdeiro de Itzhak viesse carregado de presentes, Labão se apressa a ir ao encontro dele. Ficou decepcionado ao vê-lo de mãos vazias, mas mesmo assim o deixa hospedar-se em sua casa durante um mês. Percebendo que, com a chegada de Jacob, passa a prosperar e não querendo vê-lo partir, Labão pergunta-lhe quais seriam suas condições para ficar.

Jacob lhe disse que o único que desejava era desposar Rachel. Esta, sabendo que seu pai era homem astuto e sem escrúpulos, que não pensaria duas vezes em enganá-lo, alertara Jacob de que tinha uma irmã mais velha, Léa, e que o pai não a deixaria casar-se primeiro. Jacob, portanto, especifica: "Servir-te-ei sete anos por Rachel, tua filha menor (ibid 29:18). Era um preço por demais alto, mas, por Rachel, parecia pouco,e a Torá nos diz que os sete anos "foram, a seus olhos, como poucos dias, tamanho era seu amor por ela" (ibid 29-20).

Ao término desse tempo, vai até Labão e exige que lhe dê Rachel como esposa. Mas, o tio tinha outros planos. Desde a chegada de Jacob, não só Labão prosperara, mas também toda a terra de Haran. O Midrash nos revela que Labão reuniu, pois, os homens do local, buscando sua anuência para a trapaça que arquitetava. "Vocês bem sabem como aqui a água é escassa, mas desde que Jacob vive entre nós, tornou-se abundante", diz. "Se quiserem que ele fique por mais sete anos, enganá-lo-ei dando-lhe Léa por esposa. Como é grande o seu amor por Rachel, aceitará trabalhar mais sete anos para mim". De posse da aprovação, Labão põe seu plano em execução.

Ao perceber as intenções do pai, o primeiro impulso de Rachel foi impedir Léa de tomar seu lugar. Como Jacob e Rachel já esperassem por tal engodo, preveniram-se combinando um sinal secreto entre si, para que Jacob a pudesse reconhecer mesmo no escuro. Mas, pensando na vergonha para a irmã quando o plano de Labão fosse desmascarado, Rachel decide agir acima e além de seus interesses e de suas obrigações. Evitaria que a irmã fosse humilhada publicamente ainda que assim afastasse de si seu amor e seu destino. Revela então a Léa o sinal combinado, para que Jacob acreditasse ser Rachel a mulher que tinha a seu lado, na escuridão da tenda nupcial.

Não fosse a Vontade Divina, é difícil acreditar que nosso patriarca, cuja vida foi marcada por revelações proféticas, não perceberia que algo estava errado. Apesar do incrível altruísmo de Rachel e da igualmente incrível desonestidade de Labão, a união entre Jacob e Léa aconteceu porque o plano de D'us para a Nação Judaica - contrariando a percepção do momento - exigia que fossem marido e mulher.

Na manhã do dia seguinte, quando percebe que Léa estava no lugar de Rachel, irado, Jacob enfrenta Labão: "Por que me enganaste? Por Rachel servi contigo". O sogro responde: "Não é costume, entre nós, agir dessa forma, dar a mais nova antes da mais velha. Mas, completa a semana nupcial com Léa e te darei também a mais nova, pelos serviços que prestarás a mim ainda durante outros sete anos" (ibid 29-28). E assim foi. Terminada a semana, Jacob se casou com Rachel e por ela serviu durante mais sete anos ao tio e sogro. As duas irmãs, ambas profetisas, vão ser responsáveis por construir a futura Nação de Israel.

A Torá nos diz: "E Jacob amava Rachel mais do que Léa" (ibid 29-30). Sentindo-se enganado, fica furioso com o que acontecera, pensando até em se divorciar de Léa, mas ela logo concebeu e Jacob percebeu que era Vontade de D's que ele a mantivesse como esposa. Somente quando já se aproximava a sua morte, Jacob reconheceria o valor de Léa.

O amor que sentia por Rachel era profundo. Ele a amava não apenas por ser sua esposa, esteio de sua casa, mas também por sua personalidade, suas ações. Rachel é o mundo de palavras e ações reveladas, seu temperamento aberto e franco ajudavam-na a elevar ao reino da santidade o mundo a seu redor.

Sábios de todas as gerações têm procurado a resposta a uma mesma pergunta. O Midrash afirma que os patriarcas cumpriam as leis da Torá; então, como pôde Jacob se casar com Rachel, se Léa ainda estava viva - pois que a Torá proíbe este tipo de casamento? Segundo o Maharal de Praga e o Rabi Chaim ben Atar, por exemplo, quando o Midrash diz que "os patriarcas cumpriam as leis da Torá", está-se referindo às Sete Leis de Noé e aos preceitos positivos da Torá, e não às proibições que foram formalmente recebidas por Israel no Monte Sinai.

O Rebe de Lubavitch deu uma explicação diferente. Jacob se casou com Rachel porque prometera desposá-la, e ela esperara por ele durante sete anos. É preciso lembrar que nossos patriarcas seguiam os mandamentos da Torá, por iniciativa própria, já que estes se tornaram leis, obrigatórias para todo o Povo Judeu, somente após a outorga da Torá por D'us no Monte Sinai. Sendo assim, os patriarcas não estavam obrigados a fazê-lo, pois era uma escolha espiritual voluntária, auto-imposta. Por outro lado, na época, a humanidade havia recebido de D'us as Leis de Noé, que proibiam roubar, trapacear ou enganar o outro, entre outros mandamentos. Por isto, para não quebrar a promessa que fizera a Rachel e para não enganá-la, Jacob deixou de lado sua escolha espiritual auto-imposta de seguir as leis da Torá.

Rachel, esposa e mãe

Rachel sofria intensamente apesar do grande amor de Jacob. Durante anos não conseguia engravidar, enquanto Léa concebera logo após o casamento, dando a nosso patriarca vários filhos.

Ao ver que suas preces não eram atendidas, Rachel acreditava que a irmã fosse mais justa e merecedora do que ela. Diz a Torá: "Viu Rachel que não dava filhos a Jacob e invejou sua irmã". Nossos sábios afirmam que a razão da rivalidade entre as duas irmãs - ambas profetisas - era seu ardente desejo de terem uma maior participação na criação da Nação Judaica.

Diferente de Léa, Rachel não aceitava passivamente as vicissitudes da vida, persistia em seu objetivo com fé e esperança. Rachel sabia que Jacob era um grande Tzadik, um Justo, e que com suas preces podia interceder por ela junto a D'us. Então, diz a Jacob que se ele não lhe desse filhos, morreria de tanto sofrimento. Ao que, Jacob, assustado, responde : "Tomarei o lugar de D'us que te negou o fruto do ventre?". Mas, para apaziguá-la, Jacob concorda em fazer como seu avô Avraham e toma como esposa Bil'há, a serva de Rachel, na realidade sua meia-irmã, e com ela tem dois filhos. Léa, que acreditava não mais poder conceber, também dá a Jacob sua serva, Zilpá, com quem ele tem dois filhos. Mas Léa ainda concebe e dá a Jacob mais dois filhos.

Segundo nossos sábios, Léa - que já gerara seis filhos de Jacob - estava destinada a ser a mãe de sete das doze tribos de Israel. Isto significava que Rachel daria à luz um único filho. Naquele momento, Léa, grávida mais uma vez e querendo poupar sua irmã Rachel da humilhação de ter menos filhos que Zilpá e Bil'há, pede a D´us para que a criança que carregava no ventre fosse uma menina. Suas preces são atendidas e ela dá à luz a Dina.

Em Rosh Hashaná, "o Dia da Recordação", anos depois de se ter casado, "lembrou-se D'us de Rachel e a escutou e abriu seu ventre" (ibid 30-22). O Eterno levou em conta seu enorme mérito e a angústia que a consumia e atendeu suas preces. Segundo o Zohar, ao dela se recordar, D'us deu à Rachel Yossef, o Tzadik, o grande homem da casa de Jacob responsável por salvar não apenas sua família, mas todo o Egito.

Rachel o chamou Yossef, pois "D'us removeu de mim a minha desgraça". O nome continha seu pedido para ter a graça de gerar outro filho, pois a palavra é o imperativo "Aumenta", ou, em sua súplica muda, "Aumenta-me com outro filho" (ibid 30-24).

No caso de Rachel, a Divina Intervenção que a fez conceber foi mais milagrosa do que no caso de Sarah, nossa primeira matriarca. Além de ser estéril, Rachel foi a única matriarca cujo nome hebraico não contém a letra hê, presente no Nome do Eterno e que indica a procriação, pois segundo Rashi, foi com esta letra que D'us criou o mundo. No caso de Abraham e Sarah, por exemplo, como a letra não constava em seus nomes para que pudessem ter um filho, D'us a adicionou ao nome de ambos: Sarai passou a ser Sarah e Abram passou a Abraham.

Jacob deixa Haran

Após o nascimento de José, Jacob sabe que chegara a hora de voltar para sua terra. Pede permissão a Labão para assim agir. Este reluta em deixá-lo ir, revela saber que "o Eterno me abençoou por tua causa" e consegue que Jacob permaneça entre eles por mais seis anos e lhe oferece pagamento. Nos seis anos seguintes, apesar de todas as trapaças de Labão, Jacob, já com 11 filhos, vê aumentar consideravelmente também seu patrimônio material.

Passado aquele prazo, D'us, que durante 20 anos não lhe tinha aparecido, diz: "Volta à terra de teus pais". Antes de deixar a terra do sogro, Jacob fala com Rachel e Léa. Sabendo do quanto Labão enganara Jacob, ambas concordam em partir, com todos os seus filhos e toda a riqueza acumulada com o trabalho dos últimos seis anos, sem avisar Labão. Mas, antes de partir, Rachel decide roubar os ídolos do pai e os esconde consigo. Queria evitar que ele praticasse idolatria, mas seu ato teve nefastas conseqüência para ela própria.

Após três dias, Labão percebe que Jacob havia fugido, persegue-o e o alcança. Pretendia matá-lo, mas em sonho D'us lhe aparece e lhe diz para não fazer nada contra Jacob. Além do mais, sabia que Esaú se aproximava com 400 homens e teve medo. Ao se defrontar com o genro, Labão lhe pergunta por que fugira e o acusa de ter roubado seus deuses. Jacob não sabia que Rachel os levara consigo e disse: "Aquele que encontrares com teus deuses não viverá!" (ibid 31-32). Estas palavras selaram a sorte de Rachel.

Rachel deixa este mundo

A Torá relata a morte de Rachel em Gênese 35-18. Após seu encontro com D'us, em Bet-El, Jacob segue viagem. Relata a Torá que "havia ainda um trecho grande de terra para chegar a Efrat, quando deu à luz Rachel".

Avançada na gravidez, Rachel entrara em trabalho de parto, com muitas dores e dificuldades. Temia pela vida de seu filho, mas a parteira a confortara dizendo que não havia perigo algum para a criança por nascer. Ela dá à luz a um menino, o 12º filho de Jacob. Sua alma estava prestes a deixar este mundo, mas ela ainda teve forças de dar o nome à criança. Chama-o Ben-Oni, "filho de minha dor", mas Jacob muda o nome para Benjamin, "filho da minha direita". Era criança frágil, em quem ele via Rachel, aquela que fora a sua força e alegria.

Foi na porção da Terra de Israel destinada a Benjamin, filho de Rachel, que o Santuário do Templo de Jerusalém foi construído. E, no lugar de maior santidade do Santuário, no Kodesh ha-Kodashim, era guardado o Aron Hakodesh - a Arca Sagrada. Sobre o tampo da Arca dois anjos se abraçavam. Eles representam o amor entre D'us e Israel.

Rachel faleceu no dia 11 de Cheshvan, segundo consta no Seder Olam, aos 36 anos. Jacob a sepultou "no caminho de Efrat" (35-19). Ergue um monumento sobre o túmulo, onde cada um dos 12 filhos colocou uma pedra. E ele coloca a sua sobre todas as demais.

Jacob vai revelar a razão desta atitude a José, quando o chama para fazê-lo jurar que não o sepultará no Egito. Segundo o Midrash, conta-lhe que enterrara sua mãe Rachel, na estrada, a caminho de Efrat, e não na Gruta de Machpelá porque D'us assim lhe indicara fazer. Diz ao filho que o Eterno lhe revelara que quando Nebuzaradan, general de Nabucodonosor, rei da Babilônia, mandar os Filhos de Israel ao exílio e eles passarem por seu túmulo, Rachel por eles chorará, implorando a D'us por Sua misericórdia. D'us, então, lhe responderá: 'Haverá uma recompensa por teus atos, ... teus filhos retornarão para suas fronteiras'" (Rashi, Gênese 48:8).


Somente ela, que sempre demonstrou verdadeira compaixão e misericórdia, poderia invocar e receber a mesma misericórdia do Eterno. Para nosso povo, Rachel personifica o poder inato da alma e sua devoção consciente de despertar a Misericórdia Divina. Isto ela fez com lágrimas nos olhos e preces em seu coração.

Para socorrer seus filhos, o Povo Judeu, Rachel perdeu sua própria regalia espiritual, o privilégio de ser enterrada na Gruta de Machpelá. E, desde então, por mais de 3 mil anos, judeus de todas as gerações têm ido até seu túmulo, perto de Bethlehem, para orar e buscar ajuda e consolo.

Após a Guerra de Independência, o túmulo de Rachel Imenu, a Mãe do Povo Judeu, ficou em mãos jordanianas, que proibiram os judeus de orar no local. Somente após 1967, quando Israel reconquistou aquela região, tivemos permissão de visitar Rachel Imenu, nossa mãe espiritual. Afirma o Zohar que seu túmulo perdurará até o dia que o Santo, Bendito Seja, irá ressuscitar os mortos.

Bibliografia:

Rabbi Elie Munk, The Call of The Torah, An anthology of interpretation and commentary on the Five Books of Moses, Bereishis, Mesorah Publications

The Chumash, The book of Genesis, with Rashi's commentaries and Haftoras with a commentary anthologized from rabbinic texts and the works of the Lubavitcher Rebbe

A Torá Viva, anotado por Rabino Aryeh Kaplan, editora Maayanot.

The Midrash Says - The Book of Beraishis

O Midrash abaixo, fala por si só

Quando o Templo foi destruído e os judeus estavam sendo conduzidos ao exílio, Abraham postou-se perante D'us e disse: "Mestre do Universo, quando tinha 100 anos Tu me deste um filho e, quando este completou 37 anos, Tu me disseste: "Ergue-o em sacrifício diante de Mim". E eu, vencendo minha natural misericórdia, até consegui amarrá-lo, com minhas próprias mãos. E Tu, não te recordarás de minha devoção, tendo piedade de meus filhos?"

A seguir, veio Itzhak, e disse: "Quando meu pai disse: "D'us nos indicará um carneiro para o sacrifício, meu filho", eu não hesitei e aceitei meu destino; até mesmo estendi o pescoço para ser morto. Não Te lembrarás de minha força tendo piedade de meus filhos?"

Depois veio Jacob e disse: "Durante 20 anos servi na casa de Labão e, quando parti, Esaú veio para me ferir e eu sofri toda a minha vida para criar os meus filhos. E agora, eles estão sendo levados, como um rebanho, ao sacrifício nas mãos de seus inimigos? Não te lembrarás de minha dor e meu sofrimento, redimindo meus filhos?"

O próximo foi Moshé, que disse: "Não fui um pastor leal para Israel durante 40 anos? E eu corri à sua frente, no deserto, como um cavalo. E quando chegou a hora de pisar no solo de Israel, Tu decretaste a minha morte, ainda no deserto. E, agora, eles serão exilados - Tu não atenderás meu pranto por eles?"

Àquela altura, Rachel, nossa matriarca, postou-se diante de D'us e disse: "Senhor do Universo, Tu sabes que era a mim que Jacob mais amava, tendo servido a meu pai durante sete anos para me desposar. E ao chegar a hora de meu casamento, meu pai trocou-me por minha irmã, e eu não guardei rancor por ela e não deixei que a vergonha caísse sobre ela. Se eu, um ser apenas humano, não quis humilhar minha irmã para obter o que tanto desejava, como pudeste Tu, Eterno, D'us vivo e compassivo, ter inveja da idolatria, que não tem real existência, e ordenar o exílio de meus filhos?"

E, de imediato, a Misericórdia Divina foi despertada e Ele assim falou: "Por ti, Rachel, trarei Israel de volta a seu lugar, como está dito: '...Não chores e não deixes teus olhos chorarem, pois há recompensa em teus atos... e há esperança para teu futuro que teus filhos retornarão às suas fronteiras'". (Jeremias 31-15).



Hoje em dia
O Túmulo de Rachel fica a pouca distância de Jerusalém. É completamente cercado por muros e somente ônibus e vans à prova de balas têm permissão de passar pelas barreiras de concreto com 5 metros de altura que levam ao Túmulo. A cada poucas horas um ônibus Egged à prova de balas chega ao posto de controle no caminho para Bethlehem, e então recebe uma escolta armada. Dois minutos depois, o ônibus chega ao complexo do Túmulo e os passageiros desembarcam dentro de uma estrutura totalmente fechada.

Dentro da fortaleza, a pequena sala antiga em formato de domo, dominada pelo grande monumento coberto por tecido, conserva uma atmosfera aconchegante. Homens e mulheres, em partes separadas da sala, se aproximam do monumento coberto por panos e sussurram seu segredo e seu sofrimento à “Rachel imeinu”.



O tumulo de Rachel

 
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